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domingo, agosto 19, 2012

O ofício docente

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Durante a faculdade, lembro que muito se falou nessa questão de dar aula de Arte para crianças, analisar os seus desenhos para saber o que se passa por suas pequeninas cabeças. Slides de Power Point eram passados diante de nossos olhos, enquanto a professora deleitava-se com os traços infantis, comentando por cima sobre o universo encantado infantil.

Só que somente isso não basta para colocarmos à frente uma proposta de qualidade para que possamos apresentá-la aos pequenos, fazendo com que pouco a pouco se familiarizem com a Arte, fazendo-os reconhecer trabalhos, cores, e principalmente tomar gosto por eles.

Um dos desafios que mais me imponho enquanto educadora rodeia a questão do interesse x entendimento. As gerações atuais precisam urgentemente aprender a pensar, e aprender a gostar da Arte que não lhe é apresentada, acima de tudo por ser considerada exclusiva das grandes elites, ou como algo banal e chato. 

Não somente falo das Artes Visuais, mas da leitura, do gosto pelo imaginário, pelo desenvolvimento das capacidades cognitivas, edificadoras no presente e no futuro. Para que se colham frutos maduros, precisa-se plantar as sementes corretamente e regar o solo, para que no futuro nasçam lindas plantinhas. 

Infelizmente, as faculdades não preparam a nós, licenciados ou pedagogos, para lidar com uma sala de aula com 35 alunos, com problemas pessoais e psicológicos fortes, focando-se em discursos demagógicos e idealistas, baseados em autores que têm uma visão superficial e de fora sobre o ofício de ensinar.

Ensinar não é apenas adentrar uma sala de aula, "transmitir" o conteúdo aos alunos, e tratá-los como se fossem apenas objeto de despejo. Neste ponto, sou completamente partidária a Paulo Freire! Há um elemento sim que defendo como fundamental no ensino de qualquer conteúdo: o amor. Risível à primeira vista, mas essencial à atividade docente. O professor que não aprende a amar seu conteúdo, que não aceita os seus alunos não é um professor que seja feliz em sua carreira. Mas é claro que isso não é uma tarefa fácil! Os desafios que surgem dia após dia, os problemas, os dias ruins e a raiva que sentimos ao sermos testados constantemente fazem com que percamos inclusive a saúde, a voz, e o ânimo de fazer deste um mundo melhor.

Já dizia John Lennon: "You may say I'm a dreamer, but I'm not the only one." O professor é um idealista por natureza. Se seguiu sua carreira por amor àquilo que faz, ele tem sim esperanças de fazer este um mundo melhor, e deixar sua marca por onde passa! 

Mesmo lutando contra a maré, contra as drogas, contra o sistema, contra as famílias desestruturadas e a falta de carinho que há nelas, nós insistimos em dar um pouco de nós aos nossos alunos. Apresentar-lhes alternativas e acima de tudo, encorajá-los a lutar - fazê-los criar gosto pela luta, pela vitória na vida. 

 
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