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sexta-feira, junho 25, 2010

Cinetismo: a Arte em movimento

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Procurando trazer mais coisas interessantes para o blog, saindo um pouco do universo do graffiti, no qual ando inserida desde o começo das correrias com estágio e tcc, resolvi elaborar uma pesquisa a respeito do Cinetismo ou Arte Cinética, para divulgar aqui os artistas que trabalharam com a impressão visual do movimento dentro das Artes Visuais.

Essa corrente artística foi formada por um grupo de artistas que buscavam através das ilusões de óptica, das sobreposição de peças ou figuras, nos dar uma determinada impressão movimento.

O nome "Cinetismo" ou "Arte Cinética" ficou mais conhecido depois da exposição Le Mouvement des Images, em Paris, 1955, que mostrou artistas que tratariam unicamente da questão do movimento nas suas obras de Arte.

O Futurismo - Os percursores

"(...)3. Até hoje a literatura tem exaltado a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono. Queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, a velocidade, o salto mortal, a bofetada e o murro.
4. Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um carro de corrida adornado de grossos tubos semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais belo que a Vitória de Samotrácia.
5. Queremos celebrar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada a toda velocidade no circuito de sua própria órbita.
(...)"  Fragmento do Manifesto Futurista, publicado em 1909, no jornal francês Le Fígaro, por Filippo Marinetti.

O primeiro exemplo de uma vanguarda conhecida que estudou a influência do movimento nas Artes Plásticas foi o Futurismo. "Mesmo as pinturas e esculturas futuristas estão fora daclassificação da Arte Cinética, embora o Manifesto Futurista contivesse o germe da idéia de Arte Cinética." (Stango, 1991, p.150 )
O Futurismo foi uma vanguarda artística originada da Itália, e teve seu manifesto escrito em 1909 por Filippo Marinetti, um poeta italiano de ideais fascistas.
Essa vanguarda literária e artística apoiava a guerra, as máquinas, a tecnologia, e era totalmente contra os moralismos, o passado e alimentava o desprezo pelas mulheres.
De acordo com o seu ideal que vangloriava as máquinas, os futuristas tinham uma relação muito próxima com o movimento em si (alusão ao movimento frio das mesmas), e apesar de não terem sido considerados como "Arte Cinética", são sempre citados quando se fala em uma arte que priorizava o movimento. Apesar de ser uma vanguarda também literária, o que iremos tratar aqui é a sua contribuição para o Cinetismo.

Umberto Boccioni: Mais conhecido artista da vanguarda futurista. Apesar de também ter sido um notável pintor, a sua obra mais conhecida que serviu de grande contribuição à Arte Futurista foi a sua escultura "Formas Únicas de Contrinuidade no Espaço", que representa o movimento constante de um nu humano, ao correr ou caminhar. Apesar do material original da escultura ser de gesso, as versões mais conhecidas são feitas de bronze. Abaixo, a sua obra, de 1913.

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fd/%27Unique_Forms_of_Continuity_in_Space%27%2C_1913_bronze_by_Umberto_Boccioni.jpg

Depois de Boccioni, temos famosos pintores da vanguarda futurista que também exerceram grande influência, são eles: Carlo Carrà, Luigi Russolo, Giacomo Balla e Gino Severini. Se usavam da ilusão de óptica para criar a impressão de movimento dentro dos seus quadros. Passando a observá-los, vemos a agressividade contida nos ideais do Futurismo. 

Carlo Carrà;  "Funeral do anarquista Galli", 1910-1911
Óleo sobre tela
Luigi Russolo, Dynamism of an Automobile, 1912-13, Oil on canvas




 Luigi Russolo, "Dinamismo de um Automóvel", 1912-13,Óleo sobre tela


Giacomo Balla, "Automóvel Acelerando", 1912;
Óleo sobre madeira.
Gino Severini. Dancer. (1912) Giacomo Balla. Speeding Automobile. 1912

 Gino Severini, "Dançarino", 1912, Pastel sobre papel. 

Le Mouvement des Images, 1955

Seria impossível não falar dessa famosa exposição ocorrida no Centro Georges Pompidou - Beaubourg, em Paris. 
É a primeira exposição que mostra o movimento como verdadeira preocupação com os artistas, que utiliza diretamente a denominação de "Arte Cinética". Participaram dela, artistas como Marcel Duchamp (1887-1968), Alexander Calder (1898-1976), Vasarely (1908), Jesus Raphael Soto (1923) Yaacov Agam (1928), Jean Tinguely (1925), Pol Bury (1922), entre outros. (Fonte: Uol Educação)

Marcel Duchamp
 Marcel Duchamp com os seus "Nu descendo a escada" (Óleo sobre tela, 1912) e "A passagem de Virgem a Noiva" (Óleo sobre tela, 1912) são clássicos exemplos de obras que exploram o movimento na pintura.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0bIdG6l0unABSckm29Z_zL7Nf8_Vn2M-C5myF3XuWNyLB54L3YMf4ndrmXiGnrAt0UQew03Kw6AQ9A35iGTYISBp56VkyfQw1qUTyLk5g98K8valjwDi5CQUqO4S0Kb_QLhOdnt40EGg/s400/armory_duchamp_big.jpgMarcel Duchamp. The Passage from Virgin to Bride. Munich, July-August 1912



Alexander Calder
A contribuição de Alexander Calder se deu através dos seus famosos mobiles. A quem quiser saber mais sobre o trabalho de Calder e a sua colaboração com a Arte Cinética, indico que leia o artigo que outrora escrevi unicamente sobre ele. CLICA AQUI

Victor Vasarely
Considerado o pai da Op. Art (Optical Art), trabalhava meramente com ilusões de óptica e tridimensionalidade com pinturas.
É, no entanto, o período entre 1950-60 (período Black and White) que marca definitivamente o trabalho de Vasarely, uma vez que ao introduzir pela primeira vez a sugestão de movimento sem existir movimento real, cria uma nova relação entre artista e espectador (que deixa de ser um elemento passivo para passar a interpretar livremente a imagem em quantos cenários visuais conseguir conceber), desenvolvendo e definindo os elementos básicos do que será conhecido como Op rt -um stilo e técnica que permanecerá para sempre ligado ao seu nome. (Wikipedia)

Trabalhos da fase "Black & White", fase na qual Vasarely expôs no Le Mouvements des Images 

 Jesus Raphael Soto
É um artista venezuelano que também participou da exposição de 1955, em Paris. 
"Nasceu na Ciudad Bolívar, Venezuela. Começou sua carreira artística como um um garoto que pintava pôsteres de cinema em sua cidade natal. Ele recebeu treinamento artístico em Caracas, dirigiu a Escuela de Artes Plasticas em Maracaibo de 1947 até 1950, quando foi para Paris e começou seu trabalho com Yaacov Agam, Jean Tinguely, Victor Vasarely, e outros artistas ligados ao Salon des Realités Nouvelles e à Galerie Denise René." (traduzido do English Wikipedia)

A ideia de introduzir o movimento na pintura é tão antiga quanto a arte. Talvez apareça de forma mais evidente em algumas obras como as de Miguelângelo ou como as dos artistas barrocos, nos quais o desejo de projetar as figuras no espaço e dar a ilusão de que estão se movendo em todas as direções torna-se uma insistência às vezes obsessiva.
De forma mais conceitual, é com Cézanne e com os cubistas quando começa a aparecer uma "quarta dimensão" dinâmica, que acabará por se concretizar em casos isolados como as máquinas de Gabo e Duchamp, ou os móbiles de Calder. 
Mas penso que é mérito da nossa geração ter conseguido que se assumiram, de forma já irreversível e a escala mundial, a arte transformável e a participação do espectador. Quando digo nossa geração, me refiro a todos os artistas cujo processo é marcado, no seu início, pelo choque revolucionário dos descobrimentos da ciência moderna a respeito da instabilidade da matéria e da ambiguidade do espaço, uma vez que se apoia na noção de estrutura pura. Essa noção desenvolvida através de vias e meios muito diversos permitiu uma verdadeira introdução do movimento na obra de arte, no que vem a chamar-se de "Arte Cinética".
Devo acrescentar que nunca falamos entre nós de "cinetismo", mas sempre de arte cinética, pois de maneira alguma consideramos o desenvolvimento individual de nossas investigações como "ismo", nem como uma escola ou movimento. (Extraído do site oficial do artista, no qual explica a sua visão de Arte Cinética, traduzido do Espanhol)

FERMERFERMER

 Parallèlles interférentes (1952)                       Répétition optique N°2 (1951)             

Yaacov Agam 
"Como um experimentador apaixonado, Agam joga com a problemática da quarta dimensão, simultaneamente com o visual, artes plásticas, e extendeu seus experimentos para aplicações nos campos da literatura, música e teoria da Arte.
Seus trabalhos expressam um conceito que quebra a estabilidade como expressão de realidade limitada. Em seus trabalhos, ele se empenha para demonstrar o princípio de realidade como uma continuidade "tornado-se" mais que uma "imagem gravada" estática" (Fonte: AEJV, traduzido para o Português)
Abaixo, duas serigrafias suas: "Ano Livre" (1990) e "União Azul" (2004).
Freedom by Yaacov Agam












Jean Tinguely

Artista suíço também conhecido como um dos fundadores do "Novo Realismo", de 1960, no qual se utiliza de objetos do "lixo cotidiano" da sociedade consumista contemporânea para fabricar as suas esculturas.
Suas esculturas têm um aspecto de "máquina". Abaixo, Heureka (criado em 1964 e presente até hoje em Zurique), Méta-Maxi-Maxi Utopia, (1987, Museum Jean Tinguely, Base) e Tools85 (1985). 


File:Zürich - Seefeld - Heureka IMG 1605.JPG

Por fim...

Há muitos artistas que se preocupam com o movimento, com a anti-estabilidade da Arte. Com o tempo pretendo acrescentar ao blog mais artistas que trabalhem com esta problemática, como o Abraham Palatinik e Theo Jansen, que acabaram ficando de fora. No entanto, pretendo abordá-los em tópicos individuais, já que o seu trabalho tem uma importância maior para a Arte Contemporânea Brasileira e Internacional.



Referências:

MoMa 
FalconMotorcycles
Huntfor
Educação UOL
Revista HUN da UFBA
Revista Cinética
Site Oficial de Vasarely
Site Oficial de Jesus Raphael Soto

quarta-feira, junho 23, 2010

A vida por trás do traço

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Desde que me dei por gente, costumava ser perfeccionista com os meus desenhos. Tinha por eles um carinho todo especial, e queria que saíssem exatamente do modo que eu os tinha pensado.
Sendo assim, utilizava a borracha toda a hora, o que fazia muitas vezes o papel ficar marcado ou muitas vezes rasgar-se.

Não muito incomum, vejo os meus alunos fazendo a mesma coisa... Decepcionados consigo mesmos ou de má vontade, afirmam que não sabem desenhar. Às vezes fico pensando se eu pudesse transmitir a eles o que eu penso a respeito dessa alegação, tão simplista, tão preconceituosa... Fazê-los ver que não precisam tornarem-se Michelângelo ou Rafael para aprenderem a dominar os traços.

Não somente crianças se portam assim. As pessoas adultas no geral têm uma grande dificuldade em se desligar do resultado final e preocupar-se em aprimorar-se durante o processo. Em aperfeiçoar o traço como um todo. É o que procura o estudo de caligrafias chinesas e japonesas... A VIDA existente no traço. Já reparou como o desenho fica morto quando é retocado inúmeras vezes com a borracha?

O desenho é muito mais do que um conjunto de formas figurativas intencionais em um papel, ele transmite a ansiedade do traço, a leveza ou brutalidade com a qual o ser humano se utiliza de uma ponta com tinta sobre um papel.

Infelizmente, só consegui me dar conta do que eu própria estava fazendo, ao utilizar tanto a borracha, ao entrar na faculdade. É muito triste que tenhamos essa cultura de apagar tudo aquilo que achamos feio.

Quando me dei conta disso, abandonei o lápis e a borracha, e passei a trabalhar unicamente com caneta. A caneta devolveu vida ao meu desenho. Em vez de apagar os meus traços, eu os complementava, para que dessem mais impressão de realidade. Não era somente um traço que determinava o meu desenho, e sim o conjunto de traços que acabava por si só dando origem a uma nova forma, que no final acabara saindo melhor até do que eu havia imaginado.

As pessoas deveriam pensar no desenho mais como uma terapia ocupacional, sem a intenção de fazer dele um grande trabalho de arte condizente com a realidade visível. A câmera fotográfica digital já nos dá tudo que precisamos, registrando com exatidão tudo que podemos ver. Mas o desenho pode demonstrar aquilo que a câmera não consegue captar: a vida por trás do traço. 

terça-feira, junho 01, 2010

Wild Style - filme

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Wild Style é um filme de 1982, que se passa no Bronx - N.Y., e é um filme obrigatório para quem quer conhecer o graffiti nos Estados Unidos no início dos anos 80. Foi o primeiro filme tratando da cultura Hip Hop.

O filme não é muito conhecido, digo que não é um filme que tu encontres facilmente, tanto é que tive que traduzir legendas em espanhol e completar algumas de ouvido para que pudesse concluir o entendimento sobre o filme.

O filme fala de Ray, um jovem graffiteiro interpretado por Lee Quiñones (que é um graffiteiro de verdade, bem como a maior parte dos atores-graffiteiros do filme), que aproveita a noite para pixar os estacionamentos de trem sob o pseudônimo de "Zorro". Ninguém sabe quem é Zorro, até Ray ser convidado para dar uma entrevista para uma repórter, que representava o interesse das grandes galerias de Arte.

Não é preciso lembrar que as pixações que eles fazem nos trens são taxadas de vandalismo pela sociedade, e que frequentemente esses artistas correm riscos de serem presos. O filme trata bem dessas questões entre o que é arte e o que é vandalismo. Sobre o graffiti estar ou não perdendo a sua identidade ao ir para as galerias de arte, já que como dizia o próprio Ray "o graffiti está nos trens, nos muros... não pode ser feito em quadros."

O filme também agradará quem curte um bom rap, já que a grande expectativa está na "Jam" (disputas de rap, onde os rappers rimam no improviso, sempre tentando rebaixar o adversário) que será feita no anfiteatro da cidade. Inclusive é até bom lembrar que dois grandes grupos ícones fazem uma boa participação nesse filme, que são os Fantastic Freaks e o Cold Crush.
 
Nessas minhas procuras por conteúdos relacionados ao graffiti, deparei-me com esta pérola da cultura hip-hop. Disponibilizarei o trailer do filme, bem como o link que será redirecionado para um site que terá os links para download para quem se interessar em baixar os filmes. As legendas tu só encontras nesse blog, já que não encontrei em lugar algum legendas em Português, então tomei a liberdade de traduzir do espanhol e algumas partes eu tirei de ouvido do inglês mesmo. Espero que vocês aproveitem, já que o arquivo está nos links abaixo do trailer.




DOWNLOAD DO FILME AQUI

Legendas em Português só se encontra AQUI



Jean-Michel Basquiat: a porta de entrada do graffiti para as galerias de arte

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A ideia de escrever um artigo sobre Michel Basquiat partiu inclusive do projeto de estágio que estamos fazendo a respeito de ensinar graffiti para turmas de Ensino Fundamental e Médio. É importante trazer a realidade do graffiti, tão presente nas ruas, para as escolas, já que ela é o que está em alta desde os anos 1970.

E não tem como falar de graffiti sem tocar no nome de Basquiat. Basquiat era filho de um haitiano com uma porto-riquenha. Começou a andar com graffiteiros na metade dos anos 70, onde conheceu Al Diaz, um graffiteiro muito importante da cena nova-iorquina da época.

Basquiat foi o pioneiro não nessa arte, mas pioneiro em ser reconhecido pelos museus de Arte, a ponto de ter as suas obras leiloadas a quantias milionárias. Todas essas conquistas suas foram graças também ao famoso artista do movimento pop-art Andy Warhol, que tornou-se amigo de Basquiat e juntos fizeram diversos trabalhos.

Basquiat sofreu preconceito na elite artística das galerias de arte pelo fato de ser negro, ainda mais sendo filho de estrangeiros da América Latina. Basquiat teve uma vida conturbada pelo uso e abuso de drogas, e sua arte não era compreendida. 

Seu estilo chama a atenção pelo seu aspecto rude, infantil e selvagem. Seus desenhos assemelham-se a trabalhos de crianças, com letras, palavras e frases escritas, que compoem a sua obra.

Basquiat era um "writer", ou seja, escrevia nas ruas, sob o pseudônimo de "SAMO" ou "SAMO shit" (que é uma sigla de "Same Old Shit", ou "A mesma merda de sempre").
Basquiat viveu uma vida conturbada, com abusos de drogas, das quais Andy Warhol queria que ele se livrasse. No entando, em 1986, com a morte de Andy, a vida de Basquiat pareceu que havia perdido o seu caminho, já que o seu tutor havia falecido. E Basquiat não levava muito bem as críticas do mundo da arte, e o preconceito por ser um negro em um mundo de brancos (as galerias de arte, representadas pelas elites brancas).

Jean-Michel Basquiat morreu em 12 de agosto de 1988, vítima de um coquetel de drogas pesadas.

Um filme em 1996 foi feito em sua homenagem, entitulado "Basquiat", para quem quiser entender mais sobre a vida do artista. Abaixo disponibilizo um trailer (e depois das referências o link para download do filme), já indicando para quem se interessa por arte urbana, intervenção e graffiti. Jeffrey Wright interpreta Basquiat e David Bowie interpreta Andy Warhol (que por sinal está magnífico no papel!). O filme também conta com a atuação de grandes estrelas como Benício del Toro, Dennis Hopper (que Deus o tenha!), Gary Oldman, Claire Forlani, Christopher Walker, William DaFoe, e Courtney Love. Portanto eu realmente indico!

Para quem quiser ver imagens dos seus trabalhos, disponibilizo links nas referências.





Referências:


SmartTwentCrazy




LINK PARA DOWNLOAD DO FILME AQUI
 
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