-->Procurava por alguns temas para escrever no blog quando me chamou a atenção este em especial escrito pelo Nico Fagundes, do grupo tradicionalista "Os Fagundes", e também apresentador do programa Galpão Crioulo. Estava na hora de abordar aqui alguma coisa sobre as nossas origens. O gaúcho é uma figura que faz parte do Brasil e se destaca por apresentar uma cultura à parte. Tanto é que há aqueles que se digam separatistas, que consideram o Rio Grande do Sul um Estado completamente diferente do resto do Brasil.
"Claro que a tradição, assim entendida, não é uma exclusividade do Rio Grande do Sul: existe praticamente em todos os povos, mais exacerbada nos grupos sociais onde coexistem duas sociedades paralelas, uma rural e uma urbana, não conflitantes e até freqüentemente aliadas, como no nosso caso."
Apesar de nós mesmos sermos gaúchos, falta-nos um conhecimento até acerca de nossa cultura. Quantos de nós ouvimos uma música tradicionalista? Lembrando que tchê-music não pode ser considerado verdadeiramente tradicionalista por causa da cultura pop inserida em seu contexto.
Como queremos estudar arte se sequer conhecemos as nossas origens? Por isso que torno aqui, a fim de escrever a respeito do Tradicionalismo, embasado neste artigo que li de Nico Fagundes.
Depois das críticas, os questionamentos. Qual é a relevância da cultura gauchesca no que diz respeito ao ensino das escolas? Por que ela deve ser ensinada se ela nem faz parte do cotidiano e da vida de muitas crianças e jovens?
É importante, antes de mais nada, estudá-la, já que devemos, como gaúchos, defender as nossas tradições a fim de que elas não se percam ou virem páginas de um empoeirado livro de História.
Há um trecho muito interessante neste artigo de Nico Fagundes que gostaria de salientar, já que estamos tratando do SER gaúcho, da identidade rio-grandense, já que o Rio Grande do Sul tem uma cultura diferenciada. “(...)há outros valores no culto da Tradição: o apego aos usos e costumes rurais (o chimarrão, a indumentária tradicional, a coragem, o civismo, o respeito pelo fraco e pelo vencido, o cavalheirismo para com a mulher, o respeito pelos mais velhos, o amor pelas artes regionais, na poesia, na prosa, na música, nas artes visuais...).”
Deixando claro que esses valores têm muito a acrescentar SE compusessem a cultura em que vivem as pessoas, não haveria tanta violência, porque há, nessa cultura falsamente dita como NOSSA, o respeito com as pessoas, a educação... Por isso que defendo aqui que o ensino de uma cultura como essa teria só a acrescentar no bem da escola e da sociedade. Porém, isso jamais ocorrerá enquanto essa cultura não fizer parte efetivamente da realidade na qual somos inseridos, e infelizmente estamos muito longe disso. Mas óbvio que seria um grande passo se pelo menos os professores das áreas de História e Artes “informassem” aos seus alunos a existência dessa cultura próxima. Abaixo, o personagem de quadrinhos "Radicci", de Iotti, o qual aparece seguido nas publicações do Jornal Zero Hora.
Portanto, o objetivo deste post é a construção do SER gaúcho, e da sua identidade dentro do Brasil e da importância que tem o seu estudo para aquelas pessoas que têm uma cultura embasada nos preceitos de uma cultura de massa. A cultura pop é um exemplo. Todos sabem quem é a Madonna, que é um dos principais ícones internacionais da cultura pop dos anos 1980 até hoje. Mas quem já ouviu falar em Teixeirinha? E quem já ouviu falar, conhece o seu trabalho? E eu não sou exceção alguma! Já que essa crítica vale para a maior parte de nós, que ignoramos completamente a existência de uma cultura tão rica que está perto de nós.
Não é até mesmo irônico quando pegamos algum livro do escritor gaúcho Simões Lopes Neto e nada entendemos do que ele aborda, com o dicionário em punho, procurando uma palavra por linha do que ele quer dizer. Ele sim era um gaúcho verdadeiro, mas e nós? Vivendo sempre nessa constante “americanização” e “europeização” do mundo.
Não é até mesmo irônico quando pegamos algum livro do escritor gaúcho Simões Lopes Neto e nada entendemos do que ele aborda, com o dicionário em punho, procurando uma palavra por linha do que ele quer dizer. Ele sim era um gaúcho verdadeiro, mas e nós? Vivendo sempre nessa constante “americanização” e “europeização” do mundo.
A nossa cultura é composta por um folclore característico, com lendas e histórias típicas da cultura gauchesca. A nossa prosa, a nossa poesia, que retratam a vida no campo. Os gaúchos, por sinal, se dividem entre aqueles que vivem no campo e os outros que habitam o meio urbano.
O movimento tradicionalista começa no final do século XIX, em meio ao período literário conhecido como Regionalismo (destaque a José de Alencar), com Apolinário Porto Alegre e mais um grupo de intelectuais do RS. Eles tinham por objetivo a reconstrução do SER gaúcho, do MITO.
Também devemos lembrar de João Cezimbra Jacques, que fundou o Grêmio Gaúcho, em Porto Alegre, no dia 22 de maio de 1898. No entanto, suas tentativas de construir uma sede para a cultura tradicionalista, a qual unisse o povo gaúcho foi em vão, já que como alega Nico Fagundes:
“(...)Para haver tradicionalismo tem que haver distância. Não se sente saudade do que está perto e a tradição gaúcha estava muito perto no começo do século XX, era uma realidade próxima até mesmo em Porto Alegre. A indumentária campeira era a do dia a dia, a comida idem, as diversões eram fandangos, cavalhadas e carreiras de cancha reta. As carretas e as diligências andavam por todos os lados. O homem se deslocava a cavalo constantemente. Defender o quê, se a tradição não estava ameaçada? Ninguém precisava ir a uma sociedade para ver fandangos e churrascos. Assim, sem traumas e sem nostalgias maiores, aquele pré-tradicionalismo se dissolveu no tempo.(...)”
O movimento tradicionalista começa no final do século XIX, em meio ao período literário conhecido como Regionalismo (destaque a José de Alencar), com Apolinário Porto Alegre e mais um grupo de intelectuais do RS. Eles tinham por objetivo a reconstrução do SER gaúcho, do MITO.
Também devemos lembrar de João Cezimbra Jacques, que fundou o Grêmio Gaúcho, em Porto Alegre, no dia 22 de maio de 1898. No entanto, suas tentativas de construir uma sede para a cultura tradicionalista, a qual unisse o povo gaúcho foi em vão, já que como alega Nico Fagundes:
“(...)Para haver tradicionalismo tem que haver distância. Não se sente saudade do que está perto e a tradição gaúcha estava muito perto no começo do século XX, era uma realidade próxima até mesmo em Porto Alegre. A indumentária campeira era a do dia a dia, a comida idem, as diversões eram fandangos, cavalhadas e carreiras de cancha reta. As carretas e as diligências andavam por todos os lados. O homem se deslocava a cavalo constantemente. Defender o quê, se a tradição não estava ameaçada? Ninguém precisava ir a uma sociedade para ver fandangos e churrascos. Assim, sem traumas e sem nostalgias maiores, aquele pré-tradicionalismo se dissolveu no tempo.(...)”
Claro que, nos colocando imediatamente nos tempos atuais, vemos uma retomada desses costumes em algumas cidades rio-grandenses. Mas por que? Porque justamente a cultura tradicionalista longe demais já se encontra da nossa realidade.
Há, aliás, muitas divergências entre a música tradicionalista e o movimento tchê-music. Os ctg não aceitam o tchê-music, e até o proibiram em alguns centros. Mas por que os recusam? Suas músicas e artistas fazem sucesso, atraem pessoas, PORÉM não deixa de ser mais uma vertente da cultura pop, de massa. E longe estas se encontram da cultura tradicionalista, inflexível e imortal. Ninguém pode querer mudar a cultura gauchesca, já que, ela é uma cultura que se perpetua. No momento que alguém a muda, ela se torna descaracterizada, e torna-se globalizada.
Abaixo, um trecho de uma música dos Fagundes, entitulada “Tropeiro Velho”, que contém elementos que narram a vida no campo.
“(...) Tão triste o velho tropeiro
Quase morto de saudade
Sempre lidou com a boiada (...)
Às vezes fica caducando
E começa a gritar com o gado
Era boi, era boiada(...)”
Há, aliás, muitas divergências entre a música tradicionalista e o movimento tchê-music. Os ctg não aceitam o tchê-music, e até o proibiram em alguns centros. Mas por que os recusam? Suas músicas e artistas fazem sucesso, atraem pessoas, PORÉM não deixa de ser mais uma vertente da cultura pop, de massa. E longe estas se encontram da cultura tradicionalista, inflexível e imortal. Ninguém pode querer mudar a cultura gauchesca, já que, ela é uma cultura que se perpetua. No momento que alguém a muda, ela se torna descaracterizada, e torna-se globalizada.
Abaixo, um trecho de uma música dos Fagundes, entitulada “Tropeiro Velho”, que contém elementos que narram a vida no campo.
“(...) Tão triste o velho tropeiro
Quase morto de saudade
Sempre lidou com a boiada (...)
Às vezes fica caducando
E começa a gritar com o gado
Era boi, era boiada(...)”
Ainda na mesma música, encontramos elementos que caracterizam a cultura gaúcha conhecida pelos gaúchos contemporâneos de uma maneira geral.
“(...) Me dá o teu pala, o relho e o chapéu
Bombacha e botas e o par de esporas
Me dá o cavalo e o apero completo(...)” A cultura gaúcha que todo mundo conhece é aquela do dia 20 de setembro, comemorada também na mesma época das festividades juninas. As pessoas trajam-se caracterizando-se como gaúchas, como se não o fossem. Não incomum vermos alguém dizer “estou vestido de gaúcho”. As pessoas estranham quando veem algum tradicionalista nas ruas, não em cidades como Santa Vitória do Palmar, Rio Pardo e Alegrete, onde se é comum ver pessoas caracterizadas de “gaúchos” cotidianamente. Mas em Rio Grande mesmo, é uma vergonha essa negação às nossas raízes.
“(...) Me dá o teu pala, o relho e o chapéu
Bombacha e botas e o par de esporas
Me dá o cavalo e o apero completo(...)” A cultura gaúcha que todo mundo conhece é aquela do dia 20 de setembro, comemorada também na mesma época das festividades juninas. As pessoas trajam-se caracterizando-se como gaúchas, como se não o fossem. Não incomum vermos alguém dizer “estou vestido de gaúcho”. As pessoas estranham quando veem algum tradicionalista nas ruas, não em cidades como Santa Vitória do Palmar, Rio Pardo e Alegrete, onde se é comum ver pessoas caracterizadas de “gaúchos” cotidianamente. Mas em Rio Grande mesmo, é uma vergonha essa negação às nossas raízes.
O símbolo artístico mais importante do Rio Grande do Sul é o entitulado “O laçador” (que teve como modelo Paixão Côrtes), de Antônio Caringi em Porto Alegre. É uma escultura que retrata o gaúcho em sua essência.
A cultura tradicionalista encontra-se muito mais próxima do que imaginamos, só basta a nós, futuros professores, que divulguemos aos nossos alunos a sua existência. Muito além do 20 de setembro...
Referências:
FAGUNDES, Antônio Augusto; Memorial do Rio Grande do Sul, Caderno de História, nº 22
Referências:
FAGUNDES, Antônio Augusto; Memorial do Rio Grande do Sul, Caderno de História, nº 22
3 comentários:
AÊÊÊÊÊÊ!!!
poucos se dedicam e tem coragem de falar das tradições gauchas. oque esta descaracterizando mesmo a cultura gaucha são essas musicas de agora que nãio tem nada a ver com o tradicionalismo. Muito alem do 20 de setembro!
Como eu vivo dizendo, né, Rosali! Arte não é só Europa!
Rosali, por que será que há essa confusão ou desconhecimento sobre o que pastel e óleo nas obras do passado?
Será que é falta de informação? Voce conhece a coleção, mundo dos museus, por exemplo? Nela , ao lado das fotos encontramos o nome do autor, da obra e o tamanho dos quadros...
Eu tenho até dificuldade de saber sobre o suporte em que as obras foram feitas.
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