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quarta-feira, outubro 21, 2009

O movimento neoconcreto

Voltando um pouco aos artistas contemporâneos, dos quais tenho me mantido afastada nos últimos tempos por conta dos estudos que tenho feito a respeito de culturas fora do Brasil e da Europa, resolvi então retomar os estudos e falar a respeito de um movimento que marcou a arte contemporânea brasileira. Falar desse movimento é falar de artistas como Amílcar de Castro, Lygia Clark, Hélio Oiticica e até mesmo o crítico de arte e poeta Ferreira Gullar.
Dois grupos formavam o movimento neoconcreto: o grupo frente (do Rio de Janeiro) e o grupo ruptura (de São Paulo). Mas devido às divergências entre esses dois grupos, o movimento neoconcreto durou apenas de 1959 a 1961.
Mas como o que realmente interessa aqui é o trabalho deles, o que posso dizer é que todos têm um trabalho que se assemelha com relação a inovação da escultura e da instalação. Amílcar de Castro gostava de expor as suas obras em espaços públicos, lembrando que todas elas eram dotadas de uma forte influência geométrica, fora a ausência de base das suas esculturas (tal como fazia o escultor romeno Brancusi); Lygia Clark fazia um trabalho belíssimo e inovador em gravura, fora que é um nome obrigatório a quem quiser saber mais a respeito da Arte-terapia; Hélio Oiticica também é um excelente exemplo no que diz respeito às instalações, mas ficou famoso mesmo pela sua arte performática com os "parangolés", que ele fazia em espaços públicos com materiais como o plástico.
Da maneira que expunham suas obras, parecia que queriam mexer com a questão do contexto da obra de arte. Ao colocar uma obra em um espaço público, dá-se um significado a ela, já que ela se torna um objeto do cotidiano de todas as pessoas que usufruem da sua vista, perdendo um pouco a sua contextualização. Ou seja, tu olhas com um determinado olhar uma obra em um museu, qual seria esse teu olhar fora desse ambiente artístico? Ou arriscaria dizer ambiente "adequado"? Algo para se questionar! Nem sempre o que é "adequado" é necessariamente o correto.




A obra acima é um exemplo do trabalho do Amílcar de Castro, que tirei do site do próprio artista. É um trabalho que focaliza exatamente aquilo que eu já havia dito antes com relação à forte influência geométrica nas suas obras. De caráter abstrato, mexe com o nosso imaginário! Causando sensações estéticas bem interessantes.




O quadro acima é um óleo sobre tela de Lygia Clark, entitulado "Escada", de 1951. Encontramos no exemplo acima mais elementos a respeito do geometrismo que esses vanguardistas neoconcretos buscavam.


A foto acima mostra a "baba antropofágica", de 1973, que faz parte do time de arte performática de Lygia Clark. Estou na dúvida se digo que é uma arte performática ou uma arte-terapia, já que até mesmo podem ser os dois! O que posso dizer, segundo um trabalho que fiz no primeiro ano, é que nesse trabalho se utilizava tecidos, linhas, plásticos, e isso mexia de uma tal forma com o psicológico da pessoa, que uma aluna da Lygia Clark durante uma sessão dessas desmaiou!

Depois que ouvi falar do recente incêndio que acometeu as obras do famoso Hélio Oiticica, saí correndo para pesquisar a respeito desse artista (uma vergonha, já que deveria ter feito isso antes!). Confesso que não me identifico muito com os seus "paragolés", vestidos inclusive pelo Caetano Veloso (segunda figura abaixo), mas como toda a forma de arte que merece respeito, estou divulgando, já que entendo a sua contribuição para a Arte Contemporânea Brasileira. Mas o trabalho que realmente me prendeu a atenção foi a instalação que mostro na figura abaixo. Ela dá uma impressão de distorção da realidade e do ambiente. Fora aquilo que eu já havia dito antes, da predominância de formas geométricas.


Para encerrar com chave de ouro esse texto a respeito do Neoconcretismo, achei um vídeo no Youtube a respeito de um relato do Ferreira Gullar, narrando a sua trajetória ao lado do seu colega de vanguarda, Amílcar de Castro. Tem mais de uma hora, mas vale a pena conferir para quem quer ter um melhor entendimento sobre o assunto. Ninguém melhor que o Ferreira Gullar para dissertar sobre o Neoconcretismo!



Referências:

http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo3/frente/index.html

http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=4274


http://www.amilcardecastro.com.br/#


http://lauradavina.com/blog/tag/performance/


http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo3/frente/clark/index.html
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1 comentários:

Silvia D. disse...

As mandalas nos levam a universos de mil possíbilidades. Ferreira Gulart também. Abraços.

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