Assista mais vídeos como esse no Ciência Tube
Estava na semana passada na aula de oficina de escultura, quando vi esse vídeo surpreendente e curioso no youtube através do notebook da Profª Roseli. Gostei do que vi, tanto é que vou postar aqui o vídeo a respeito de um tipo novo e contemporâneo de escultura, que são as esculturas magnéticas.
Elas são feitas de ferrofluido, que é um material que se polariza sob a ação de um campo magnético. E através da manipulação desse mesmo campo magnético, que eles são movimentados de um lado a outro, através da atração e da repulsão dessas cargas magnéticas (considerando que cada partícula do ferrofluido polariza-se em um lado positivamente e em outro negativamente, por efeito do campo magnético), que faz o líquido "movimentar-se" de maneira a criar essas animações curiosas.
Inclusive até um colega nosso jurou que essa era uma animação computadorizada. Realmente é o que parece, já que os efeitos são um pouco surreais, por causa do efeito de movimento do ferrofluido. Os movimentos do ferrofluidos são leves, quase "dançantes", por assim dizer. Formam diferentes figuras com pontas, ao que se observa. Claro que isso também tem a ver com o campo magnético e a sua manipulação. Que faz com que se crie pontas.
Para dar uma explicação científica, vou recorrer às minhas antigas aulas com o Prof. Loureiro (grande Loureiro!).
As partículas de ferrofluido são condutoras (por serem um tipo de metal também), ou seja se polarizam por indução mais facilmente. Abaixo, há uma ilustração da forma que ocorre a indução de um condutor.Isto é, quando submetidas a um campo magnético, uma ponta da partícula torna-se positiva e a outra negativa. E isso faz com que aconteçam atrações e repulsões no sentido do campo magnético (positivo ou negativo), dependendo de onde ele se encontra. E as partículas de ferrofluido são manipuladas através desse mesmo campo magnético. A maior repulsão a esse campo magnético criam as pontas que vemos ali, dando uma estética bem interessante. Esse é o tipo de obra que veríamos em um museu de ciência e tecnologia (como o da PUC-RS), mas como a sua estética é Arte e a sua proposta também, me reservei ao direito de comentar esse tão engenhoso trabalho. É a ciência criando uma estética artística interessante, sem dúvida.
Referência:
http://cienciatube.blogspot.com/2008/12/esculturas-magnticas-lquidas.html
segunda-feira, maio 25, 2009
terça-feira, maio 19, 2009
Arte, meio ambiente e as esculturas subáquáticas de Jason de Caires
A ideia de escrever esse post veio mais uma vez de uma aula de Oficina de Escultura. Estávamos vendo alguns artistas que trabalham com entalhe, e não me lembro certamente, mas a professora acabou nos mostrando esse artista com uma proposta tão inovadora, diferente e que aborda um tema que está em nossa rotina há vários anos: a questão ambiental.
Jason de Caires Taylor (1974) é o nome desse inglês que com certeza fez uma reflexão em cima da arte como estética ambiental, e de como o ser humano afeta a natureza.
As suas esculturas são feitas de um material que não prejudica o meio ambiente, e se assemelha a algum tipo de rocha natural. Inclusive é desejável que pequenos organismos aquáticos se anexem às suas obras, de forma a interagir com ela. Isso é contemporaneidade! O conceito de que a obra faz parte de um contexto, e que ela se inter-relaciona a ele.
O vídeo abaixo mostra a sua instalação subaquática em Grenada, no Caribe. Podemos notar uma certa morbidez em seus trabalhos. Imagina tu estares mergulhando e encontrar essas figuras? Fato extremamente surreal! Fora a naturalidade que representam. Quem as olha de longe pode até pensar que são pessoas, ou outros objetos.
De acordo com o site "Meio Norte", está prevista para maio de 2010 a inauguração de outra instalação subaquática, também de autoria de Taylor, só que "(...)no fundo do mar do Parque Nacional Costa Ocidental de Isla Mujeres, Punta Cancún e Punta Nizuc. A obra ocupará 150 metros quadrados e deve pesar cerca de 70 toneladas." Mais informações no segundo site citado nas referências.
Para quem se interessar mais pelo trabalho, disponibilizei o link do site oficial do artista. A má notícia é que está no idioma Inglês. Mas para quem não consegue traduzir, aconselho a acessar o http://www.google.com.br/language_tools?hl=pt-BR, que é um excelente site para traduções do Inglês para o Português.
Referências:
http://www.underwatersculpture.com/index.asp (site oficial do artista)
http://www.meionorte.com/noticias,cancun-tem-agora-museu-submerso-com-esculturas-humanas,67590.html
Jason de Caires Taylor (1974) é o nome desse inglês que com certeza fez uma reflexão em cima da arte como estética ambiental, e de como o ser humano afeta a natureza.
As suas esculturas são feitas de um material que não prejudica o meio ambiente, e se assemelha a algum tipo de rocha natural. Inclusive é desejável que pequenos organismos aquáticos se anexem às suas obras, de forma a interagir com ela. Isso é contemporaneidade! O conceito de que a obra faz parte de um contexto, e que ela se inter-relaciona a ele.
O vídeo abaixo mostra a sua instalação subaquática em Grenada, no Caribe. Podemos notar uma certa morbidez em seus trabalhos. Imagina tu estares mergulhando e encontrar essas figuras? Fato extremamente surreal! Fora a naturalidade que representam. Quem as olha de longe pode até pensar que são pessoas, ou outros objetos.
De acordo com o site "Meio Norte", está prevista para maio de 2010 a inauguração de outra instalação subaquática, também de autoria de Taylor, só que "(...)no fundo do mar do Parque Nacional Costa Ocidental de Isla Mujeres, Punta Cancún e Punta Nizuc. A obra ocupará 150 metros quadrados e deve pesar cerca de 70 toneladas." Mais informações no segundo site citado nas referências.
Para quem se interessar mais pelo trabalho, disponibilizei o link do site oficial do artista. A má notícia é que está no idioma Inglês. Mas para quem não consegue traduzir, aconselho a acessar o http://www.google.com.br/language_tools?hl=pt-BR, que é um excelente site para traduções do Inglês para o Português.
Referências:
http://www.underwatersculpture.com/index.asp (site oficial do artista)
http://www.meionorte.com/noticias,cancun-tem-agora-museu-submerso-com-esculturas-humanas,67590.html
quinta-feira, maio 14, 2009
O gaúcho Mauro Fuke
Por que falar de Mauro Fuke (Porto Alegre, 1961)?
Bem, mais uma vez digo que a vontade de falar desse tão interessante e intrigante artista foi mais uma vez das aulas de Oficina de Escultura, onde a Profª Roseli nos apresenta diferentes nomes da escultura, e quando eu os acho extremamente interessantes, eu os trago ao blog, não somente com o que foi dito nas aulas, mas também com uma pesquisa extra, diria.
Vários nomes sempre são dados, mas Mauro Fuke foi um que me atraiu pelas suas obras tão cheias de "conexões".
O mais interessante nos seus trabalhos é a utilização de computadores para elaborar o modelo que será representado em modelo real nas exposições. Diria até que o seu trabalho é mais direcionado ao design. Eu estava vendo o seu site (presente nas referências), e me interessei mais ainda quando observei as estruturas que ele formava no computador (depois passando-as para a realidade, é claro).
Quanto ao caráter de sua obra, segundo Bohns (2002), são esculturas com articulações, como organismos que se abrem e se fecham, e que podem ser mostrados em diferentes estágios, surgiram precocemente na sua carreira. Lembrando que o caráter da obra de Fuke é predominantemente abstrato e geométrico. Mas é justamente interessante observar a maneira como ele "jogou" com esse abstrato, vendo as suas obras parecerem um conjunto de peças que se encaixam. E não deixa de ser isso mesmo, é claro.
Ele se usa da interação da obra e do público. Quem nunca teve um kinder ovo? Suas obras se assemelham muito a aqueles brinquedinhos que há no interior deles. Portanto, sentimos uma vontade enorme de ir até elas e remexê-las, como verdadeiros brinquedos.
As obras que eu observei nas aulas de Escultura eram de obras feitas em madeira, apesar de ele ter trabalhado já com metal, na Bienal do Mercosul de 1999.
A respeito de suas influências, Fuke é um artista que se espelhou nos modelos minimalistas norte-americanos, quem se interessar pode se informar a respeito deles no site presente na bibliografia direcionado aos minimalistas.
Achei muito interessante também quando li que ele era o artista e o artesão, ou seja, ele é responsável por todo o processo de construção de sua obra. Muitas pessoas podem não saber, mas o artista nem sempre é responsável pelo meio de produção da obra. Às vezes ele simplesmente encomenda de um artesão, que fica com o trabalho. A ideia é do artista, portanto, ele quem leva crédito no final das contas. De acordo com Bohns (2002),
O controle extremo de todas as fases da produção da obra fazem ver um artista-construtor por excelência, preocupado com questões de acabamento e de qualidade material das obras produzidas, coisa bastante rara no universo artístico atual.
E de acordo com ele mesmo em seu blogspot (que foi da onde tirei as ilustrações de suas obras):
"Eu vivo e trabalho em Eldorado do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. A utilização de conceitos matemáticos e softwares de modelagem tridimensional, em oposição à utilização de madeira em formas orgânicas, tem caracterizado a minha produção artística.
Mauro Fuke é um artista contemporâneo que se utiliza de meios contemporâneos para a execução dos seus trabalhos. Espero um dia ter o prazer de acompanhar o seu trabalho mais de perto.
Referências:
http://mauro-fuke.blogspot.com/
http://www.brasilescola.com/artes/minimalismo.htm
http://www.margs.rs.gov.br/ndpa_sele_mariofuke.php
Sites interessantes:
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/cs/default.php?reg=73361&p_secao=3&di=2007-04-25
Bem, mais uma vez digo que a vontade de falar desse tão interessante e intrigante artista foi mais uma vez das aulas de Oficina de Escultura, onde a Profª Roseli nos apresenta diferentes nomes da escultura, e quando eu os acho extremamente interessantes, eu os trago ao blog, não somente com o que foi dito nas aulas, mas também com uma pesquisa extra, diria.
Vários nomes sempre são dados, mas Mauro Fuke foi um que me atraiu pelas suas obras tão cheias de "conexões".
O mais interessante nos seus trabalhos é a utilização de computadores para elaborar o modelo que será representado em modelo real nas exposições. Diria até que o seu trabalho é mais direcionado ao design. Eu estava vendo o seu site (presente nas referências), e me interessei mais ainda quando observei as estruturas que ele formava no computador (depois passando-as para a realidade, é claro).
Quanto ao caráter de sua obra, segundo Bohns (2002), são esculturas com articulações, como organismos que se abrem e se fecham, e que podem ser mostrados em diferentes estágios, surgiram precocemente na sua carreira. Lembrando que o caráter da obra de Fuke é predominantemente abstrato e geométrico. Mas é justamente interessante observar a maneira como ele "jogou" com esse abstrato, vendo as suas obras parecerem um conjunto de peças que se encaixam. E não deixa de ser isso mesmo, é claro.
Ele se usa da interação da obra e do público. Quem nunca teve um kinder ovo? Suas obras se assemelham muito a aqueles brinquedinhos que há no interior deles. Portanto, sentimos uma vontade enorme de ir até elas e remexê-las, como verdadeiros brinquedos.
As obras que eu observei nas aulas de Escultura eram de obras feitas em madeira, apesar de ele ter trabalhado já com metal, na Bienal do Mercosul de 1999.
A respeito de suas influências, Fuke é um artista que se espelhou nos modelos minimalistas norte-americanos, quem se interessar pode se informar a respeito deles no site presente na bibliografia direcionado aos minimalistas.
Achei muito interessante também quando li que ele era o artista e o artesão, ou seja, ele é responsável por todo o processo de construção de sua obra. Muitas pessoas podem não saber, mas o artista nem sempre é responsável pelo meio de produção da obra. Às vezes ele simplesmente encomenda de um artesão, que fica com o trabalho. A ideia é do artista, portanto, ele quem leva crédito no final das contas. De acordo com Bohns (2002),
O controle extremo de todas as fases da produção da obra fazem ver um artista-construtor por excelência, preocupado com questões de acabamento e de qualidade material das obras produzidas, coisa bastante rara no universo artístico atual.
E de acordo com ele mesmo em seu blogspot (que foi da onde tirei as ilustrações de suas obras):
"Eu vivo e trabalho em Eldorado do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. A utilização de conceitos matemáticos e softwares de modelagem tridimensional, em oposição à utilização de madeira em formas orgânicas, tem caracterizado a minha produção artística.
'Você deve criar o seu underground porque agora não há mais underground, não mais de vanguarda, não mais marginalidade. Você pode criar seu underground, o seu próprio buraco negro, a sua própria singularidade.'
- Jean Baudrillard, Diferença e Singularidade"
Obs: Essa é uma tradução do site do Inglês para o Português
- Jean Baudrillard, Diferença e Singularidade"
Obs: Essa é uma tradução do site do Inglês para o Português
Mauro Fuke é um artista contemporâneo que se utiliza de meios contemporâneos para a execução dos seus trabalhos. Espero um dia ter o prazer de acompanhar o seu trabalho mais de perto.
Referências:
http://mauro-fuke.blogspot.com/
http://www.brasilescola.com/artes/minimalismo.htm
http://www.margs.rs.gov.br/ndpa_sele_mariofuke.php
Sites interessantes:
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/cs/default.php?reg=73361&p_secao=3&di=2007-04-25
sábado, maio 09, 2009
As cores nas Artes Visuais
Estava eu aqui quebrando a cabeça pensando em um assunto para tratar no meu blog. Como gosto de inovar e pegar coisas diferentes para tratar, resolvi falar de um assunto que com certeza é bastante presente em toda a história da pintura.
Estou falando do elemento COR, que nos causa uma dada impressão a respeito da natureza da obra de arte, ou nos mostra como é a natureza do indivíduo que vive em uma determinada cultura, ou a natureza da própria cultura em si.
Já que não escrevo nada aqui sem um embasamento teórico oriundo de um site de confiança, tomei emprestado alguns argumentos de um artigo de uma moça da ISCA faculdades, em Limeira - SP. Inclusive quem quiser dar uma olhada no artigo completo, eu indico, principalmente para aqueles que estudam os processos de criação dentro do ramo das Artes Visuais, ou simplesmente para os críticos de Arte ou até mesmo historiadores de Arte.
Inicialmente eu pensei em falar da influência psicológica da cor, tratada tão veementemente por Van Gogh. Para ele era essa a questão essencial da Arte, já que a cor transmite o sentimento do ser humano quando criou a obra de Arte.
Mas não é somente o argumento psicológico que é válido nesse estudo. As cores nas pinturas também podem ser analisadas sob o ponto de vista antropológico.
Comecemos pelo ponto de vista psicológico. O que buscavam os artistas quando retratavam suas obras com ou cores frias, quentes, mistos dessas duas? Queriam eles buscar a harmonia ao retratar lindas paisagens com cores análogas (cores com matizes bem próximas, como o azul e o verde, o vermelho e o laranja), ou buscar a agitação e a vibração forte de obras com cores complementares (cores opostas, como o branco e o preto, laranja e azul)? Notamos nas obras renascentistas a harmonia das cores análogas, que nos passam a impressão de serenidade.
Quem conhece a famosa Monalisa, do Da Vinci, pode perceber o que estou falando. As cores serem análogas não significa que sejam todas iguaizinhas, mas sim que elas obedecem mais ou menos aos mesmos tons, ou seja, não há cores "brigando" por assim dizer. É a mesma coisa que combinar uma calça verde musgo com uma jaqueta marrom. Não são cores iguais, mas se combinam! E é assim que funcionam com as cores análogas.
Indo ao outro extremo, falando das impressões visuais e psicológicas das cores complementares, o clássico exemplo de obras com cores complementares são as obras fauvistas. Até pensei em dar um outro exemplo, mas acredito que esse seja o melhor, porque justamente elas foram duramente criticadas pelas cores chocantes ao olhar (chegando a "doer" os olhos, por assim dizer). Os fauvistas buscavam a vida na obra de arte nesse contraste. Então, vou mostrar aqui uma das minhas obras de Arte preferidas, a chamada Ponte de Charing Cross, feita por Andre Derain, em meados do século XX.
Para encerrar os argumentos psicológicos da cor, vou colar aqui uma citação do artigo da colega Ana Karina Miranda de Freitas, a respeito das impressões visuais da cor.
Agora vamos ao outro lado da questão: o ponto de vista antropológico. A cor é a identidade de uma cultura e de uma época? Digamos que a cor é um dos elementos que pode determinar o caráter de uma obra artística de uma determinada comunidade cultural, e por sua vez, a obra determinar o caráter dessa mesma comunidade.
Reaproveitemos a Monalisa acima. Ela é o retrato da arte europeia, à qual todos nós, estudantes de Artes, estamos todos habituados e "viciados" pela sua estética. Claro que a arte europeia mudou muito com o passar dos anos, como se pode observar pela obra de Andre Derain mais abaixo. Mas eu quero pegar como exemplo a arte europeia renascentista do início do século XVI. O que perdurou na época do Renascimento foi o conceito da razão, ou seja, do homem como o centro do universo. Não era à toa que as cores das obras de arte fossem sóbrias, e análogas, já que a própria arte renascentista segue os preceitos de uma arte naturalista (partindo do princípio de que não vemos a "realidade" sob cores chocantes e complementares), com estudos de proporções e perspectiva. Claro que isso mudou mais adiante com o Impressionismo, que só viria a sugir no século XIX.
Diferentemente da arte africana, onde predomina o Geometrismo e a presença de cores complementares, que inclusive influenciaram as obras de Pablo Picasso.
Referências:
http://www.saber.cultural.nom.br/template/especiais/Moga2ArteAfricana.html
http://www.iscafaculdades.com.br/nucom/PDF/ed12_artigo_ana_karina.pdf
http://pt.wikipedia.org/wiki/Renascimento
Estou falando do elemento COR, que nos causa uma dada impressão a respeito da natureza da obra de arte, ou nos mostra como é a natureza do indivíduo que vive em uma determinada cultura, ou a natureza da própria cultura em si.
Já que não escrevo nada aqui sem um embasamento teórico oriundo de um site de confiança, tomei emprestado alguns argumentos de um artigo de uma moça da ISCA faculdades, em Limeira - SP. Inclusive quem quiser dar uma olhada no artigo completo, eu indico, principalmente para aqueles que estudam os processos de criação dentro do ramo das Artes Visuais, ou simplesmente para os críticos de Arte ou até mesmo historiadores de Arte.
Inicialmente eu pensei em falar da influência psicológica da cor, tratada tão veementemente por Van Gogh. Para ele era essa a questão essencial da Arte, já que a cor transmite o sentimento do ser humano quando criou a obra de Arte.
Mas não é somente o argumento psicológico que é válido nesse estudo. As cores nas pinturas também podem ser analisadas sob o ponto de vista antropológico.
Comecemos pelo ponto de vista psicológico. O que buscavam os artistas quando retratavam suas obras com ou cores frias, quentes, mistos dessas duas? Queriam eles buscar a harmonia ao retratar lindas paisagens com cores análogas (cores com matizes bem próximas, como o azul e o verde, o vermelho e o laranja), ou buscar a agitação e a vibração forte de obras com cores complementares (cores opostas, como o branco e o preto, laranja e azul)? Notamos nas obras renascentistas a harmonia das cores análogas, que nos passam a impressão de serenidade.
Quem conhece a famosa Monalisa, do Da Vinci, pode perceber o que estou falando. As cores serem análogas não significa que sejam todas iguaizinhas, mas sim que elas obedecem mais ou menos aos mesmos tons, ou seja, não há cores "brigando" por assim dizer. É a mesma coisa que combinar uma calça verde musgo com uma jaqueta marrom. Não são cores iguais, mas se combinam! E é assim que funcionam com as cores análogas.
Indo ao outro extremo, falando das impressões visuais e psicológicas das cores complementares, o clássico exemplo de obras com cores complementares são as obras fauvistas. Até pensei em dar um outro exemplo, mas acredito que esse seja o melhor, porque justamente elas foram duramente criticadas pelas cores chocantes ao olhar (chegando a "doer" os olhos, por assim dizer). Os fauvistas buscavam a vida na obra de arte nesse contraste. Então, vou mostrar aqui uma das minhas obras de Arte preferidas, a chamada Ponte de Charing Cross, feita por Andre Derain, em meados do século XX.
Para encerrar os argumentos psicológicos da cor, vou colar aqui uma citação do artigo da colega Ana Karina Miranda de Freitas, a respeito das impressões visuais da cor.
As cores quentes são estimulantes e produzem as sensações de calor, proximidade, opacidade, secura e densidade. Em contraste, as cores frias parecem nos transmitir as sensações de frias, leves, distantes, transparentes, úmidas, aéreas e acalmantes. (p. 4)
Agora vamos ao outro lado da questão: o ponto de vista antropológico. A cor é a identidade de uma cultura e de uma época? Digamos que a cor é um dos elementos que pode determinar o caráter de uma obra artística de uma determinada comunidade cultural, e por sua vez, a obra determinar o caráter dessa mesma comunidade.
Reaproveitemos a Monalisa acima. Ela é o retrato da arte europeia, à qual todos nós, estudantes de Artes, estamos todos habituados e "viciados" pela sua estética. Claro que a arte europeia mudou muito com o passar dos anos, como se pode observar pela obra de Andre Derain mais abaixo. Mas eu quero pegar como exemplo a arte europeia renascentista do início do século XVI. O que perdurou na época do Renascimento foi o conceito da razão, ou seja, do homem como o centro do universo. Não era à toa que as cores das obras de arte fossem sóbrias, e análogas, já que a própria arte renascentista segue os preceitos de uma arte naturalista (partindo do princípio de que não vemos a "realidade" sob cores chocantes e complementares), com estudos de proporções e perspectiva. Claro que isso mudou mais adiante com o Impressionismo, que só viria a sugir no século XIX.
Diferentemente da arte africana, onde predomina o Geometrismo e a presença de cores complementares, que inclusive influenciaram as obras de Pablo Picasso.
Referências:
http://www.saber.cultural.nom.br/template/especiais/Moga2ArteAfricana.html
http://www.iscafaculdades.com.br/nucom/PDF/ed12_artigo_ana_karina.pdf
http://pt.wikipedia.org/wiki/Renascimento
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